7/27/2011

Crítica | Harry Potter e as Relíquias da Morte - Pt. 2

Gênero: Ação, Aventura, Drama
Duração: 130 min.
Roteirista: Steve Kloves
Diretor: David Yates

Tudo termina aqui. Parece inacreditável ver essa frase no pôster de Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 e mais inacreditável ainda saber que isso é a mais pura verdade. Depois de 10 anos, a maior franquia cinematográfica da história chega ao fim com a grande epicidade e emoção que a série merece depois de marcar uma geração de crianças e adolescentes pelo mundo todo.

Nesta segunda parte, a batalha entre as forças do bem e do mal no mundo da bruxaria se tornou uma verdadeira guerra. Tudo está em jogo, ninguém está seguro, e Harry Potter foi o escolhido para fazer o sacrifício final conforme o climático e tão esperado duelo entre ele e Lord Voldemort se aproxima nos terrenos de Hogwarts, onde tudo começou e irá acabar de vez.

Depois de o caminho ser trilhado por tanto tempo por diretores como Chris Columbus, Alfonso Cuarón e Mike Newell, cada um dando seu próprio toque aos filmes, aqui David Yates (que dirige desde Ordem da Fênix) finaliza perfeitamente tudo com uma sensatez exuberante. A maioria das cenas são fortemente impactantes e o cineasta ainda consegue, mesmo com toda a correria, apresentar em alguns momentos um forte senso de humanitarismo, vide a parte em que o dragão cego de Gringotes, após sofrer acorrentado dentro do banco e conseguir fugir com o trio, para por algum tempo pra respirar o ar puro pelo que seja, talvez, a primeira vez em sua vida. Além disso, Yates ainda beira milimetricamente o plongée durante quase toda a duração e enquadra seus diversos personagens em planos frontais para mostrar desse jeito o sentimento de cada um com o que está acontecendo ao seu redor. Aqui, um belo trabalho de fotografia do português Eduardo Serra assim como dos atores, que fazem, indiscutivelmente, suas melhores atuações.

Daniel Radcliffe enfim consegue transmitir alguma emoção e aguenta toda a sua responsabilidade nesse filme, mostrando como o personagem principal uma tristeza sem igual por compreender que o que está acontecendo ao seu redor se deve por sua causa, mas também uma aura determinada quando está a procura das Horcruxes ou precisa tomar uma ação. Rupert Grint deixa de ser o garoto que quebra o clima de tensão, mesmo que em certas partes isso ainda aconteça, para se tornar uma pessoa forte e corajosa que ajuda e arrisca sua vida ao melhor amigo, do mesmo jeito até de Matthew Lewis, que como Neville Longbottom recebe status - e "poder" - de líder e tem um papel essencial. Emma Watson, por sua vez, não aparece tanto quanto nos longas anteriores e deixa a desejar, só se tornando importante apenas em uma cena muito aguardada por todos os fãs.

Porém, em um filme repleto de personagens com foco unicamente na grande Batalha de Hogwarts, quem dá o tom são os atores coadjuvantes de outrora que neste último filme aparecem e conseguem roubar a cena em meio a todo o tumulto. Maggie Smith mostra o gênero forte da professora Minerva McGonagall e com tal jeito impõe respeito não só aos alunos da escola como também aos espectadores. Ralph Fiennes interpreta Voldemort de uma maneira fervorosa e até mesmo bipolar, que difere da raiva por sua tentativa de vencer até a felicidade que o faz saltitar. Mas o grande destaque mesmo é Alan Rickman que, como um dos personagens mais enigmáticos da série, troca sua fala fria e calculada para mostrar tristeza em momentos sutis e emocionantes não apenas por sua importância na trama, mas também muito graças a sua atuação primorosa.

No entanto, mesmo com todas suas proezas, Relíquias da Morte - Parte 2 ainda conta com alguns erros, tal qual a falta de explicação em certos detalhes para as pessoas que não leram o livro (não fica claro o passado de Dumbledore com sua - nunca mencionada - irmã ou família e até somos pegos de surpresa quando Harry menciona a existência, quase no final da projeção, de um filho de um dos casais da história), como já visto na Parte 1, até alguns cortes de edição bruscos, como por exemplo quando Harry cai no chão e, no segmento seguinte, já se encontra de pé em um movimento, no mínimo, sagaz. Seja como for, tais falhas são um pouco frustrantes, mas nada que comprometa muito a história e que não seja resolvida com uma lida antes de ir a sessão.

Para melhor tudo ainda mais, no aspecto técnico o filme sobra. A fotografia de Eduardo Serra, como já mencionado, é bela e contrasta muito bem com a densidade da grande luta que ocorre. A trilha sonora de Alexandre Desplat traz um sentimento de nostalgia puro ao reutilizar músicas dos filmes anteriores, mas também mostra uma sutileza e intensidade lindos que refletem caprichosamente a atmosfera deste capitulo final. Já os efeitos visuais são impecáveis, assim como a direção de arte de Stuart Craig que sempre fez um ótimo trabalho durante todo esses anos.

Depois de uma década, Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 encerra de uma maneira perfeita esse ciclo. É emocionante, empolgante e triste, tudo que mereceu ser e esperávamos que fosse. No final, os aplausos de pé são mais que justificados, afinal, verdadeiramente, é o fim de uma era.

por Vinícius Ebenau

"As histórias que mais amamos vivem em nós para sempre e seja que você volte pela página ou pela telona, Hogwarts sempre estará lá para te dar as boas vindas." - J. K. Rowling

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